As
desigualdades sociais existem. E o pior, em grande escala. Trata-se de um
problema global e que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. Dentro dessa realidade,
está a luta das mulheres pela igualdade de gênero e oportunidades, num universo
liderado pelos homens e pela cultura machista impregnada à séculos nos dogmas impostos
pela sociedade.
Para
enxergar esse abismo de diferenças, não é preciso ir muito longe. Em Pelotas, as
mulheres representam mais de 51% da população. Porém, cerca de 60% delas estão desempregadas
ou são sustentadas pelos homens da família. A falta de investimento em
políticas públicas para as mulheres também contribui para que esses números
cresçam numa sociedade desigual.
Pensando
dessa forma, a Rede Parceira Social em conjunto com o Instituto Nestor de Paula
e a Associação Olojukan, e com o apoio da Fundação Lojas Renner, criaram o
projeto “Recriando e Modelando”. A ação que já está em prática, tem como
objetivo contribuir com uma melhora na qualidade de vida das mulheres do Bairro
Navegantes e oferece cursos de capacitação em Corte e Costura e bordados, reaproveitamentos
de materiais descartáveis e palestras sobre saúde, alimentação e cuidados específicos
com as suas faixas etárias. No total, são beneficiadas diretamente 40 famílias
que moram no bairro, e indiretamente, toda a comunidade local do Navegantes.
Exemplo de tapetes feitos com retalhos de pano e sacolas de linha
Mulheres de todas as faixas etárias aprendem técnicas de corte e costura.
Além
de ensinar diversas técnicas às mulheres, o projeto ainda instiga a produção
sustentável, utilizando materiais descartados no lixo. É o caso da Dona
Terezinha, que aproveita sacos de farinha de padaria para fazer sacolas de uso
convencional. “Eu pego o saco na padaria, ou encontro em algum lixo perto de
casa, faço um crochê na boca do saco para não desfiar e está pronto, temos uma
sacola para todo mundo usar”, conta Terezinha, que ainda sonha em vender sua
idéia. “Essas sacolas desfiam com muita facilidade, além de poluírem o meio
ambiente. Quem sabe as empresas não adotam a minha ideia?”- brincou.
Entre
os muitos aprendizados tirados do projeto, o desenvolvimento social também está
presente. Aprendendo a fazer guardanapos, Daniela ressalta a importância do que
o “Recriando e Modelando” tem na sua vida. “Eu não venho só aprender a fazer
costuras. Eu venho porque me sinto bem, fico com minhas amigas e não penso em
bobagem. É uma família”, declarou.
Os
encontros e oficinas do projeto acontecem semanalmente na Comunidade Católica
Sagrado Coração de Jesus, localizado na Rua 10, no Bairro Navegantes.




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