Segundo o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês), 85% das pessoas atingidas — ou 18,7 milhões — estão em países em desenvolvimento. O risco de desalojados por novas catástrofes quadruplicou desde 1970.
— Há diversos fatores de risco, da desertificação às péssimas condições de habitação em regiões onde ocorrem inundações — explica Justin Ginnetti, consultor sênior do IDMC. — Recursos básicos, como água e alimentos, são cada vez mais escassos em diversas regiões do planeta, especialmente no Chifre da África e no Sudeste Asiático.
Cerca de 30% da população mundial vivem em regiões cuja economia é baseada em recursos naturais. Quando os eventos extremos atacam esta fonte de renda, não resta muito senão migrar. E a incógnita é se outros países estão prontos para receber o crescente contingente de refugiados climáticos.
— Os governos ainda precisam se preparar para receber estas pessoas — alerta Ginnetti. — Os principais exemplos hoje são os Estados insulares do Pacífico. Kiribati precisou comprar terras em Fiji, e as Maldivas fizeram o mesmo na Austrália. Mas estes casos lidam com populações pequenas. No futuro, este contingente será maior.
No ano passado, 80,9% dos desalojados pelas catástrofes eram asiáticos, enquanto apenas 0,3% eram europeus — um sinal da desigualdade social e do caminho que os refugiados das tragédias naturais devem seguir. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, os imigrantes podem ser hostilizados em países ricos.
— Já existem migrações climáticas, e elas continuarão por décadas — ressalta Walter Kälin, pesquisador da Iniciativa Nansen, que se dedica ao estudo de vítimas das mudanças no clima. — Precisamos garantir que estas populações sejam recebidas com segurança fora de suas fronteiras. Os governos devem criar um financiamento voltado à mobilidade da população.
O encerramento da COP 20, previsto para esta sexta-feira, foi adiado para amanhã. O dia extra servirá para reduzir a frustração da comunidade internacional. O rascunho inicial da convenção tinha cerca de 10 páginas. Agora, são 50, e apenas um parágrafo foi aprovado com consenso. Nele, os países se comprometiam a intensificar seus esforços para diminuir a liberação de gases-estufa até 2020.
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IMPASSE ENTRE RICOS E POBRES
A rixa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento está cada vez mais clara. Os ricos acreditam que, do jeito como fluem as negociações, vão “pagar a conta” do aquecimento global sozinhos. O tom ficou claro no discurso do secretário de Estado dos EUA, John Kerry.
— Reconhecemos a nossa responsabilidade para liderar a resposta global, mas nenhum país pode resolver este problema sozinho, nem mesmo os EUA. Nem se zerarmos as nossas emissões — afirmou o secretário.
Carlos Klink, secretário de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, acredita que o impasse nas negociações é “normal”, e assinalou que os pontos principais da conferência já estão presentes no rascunho. Para ele, os países desenvolvidos “não podem voltar atrás” ao assumirem suas responsabilidades.
— Há diversos fatores de risco, da desertificação às péssimas condições de habitação em regiões onde ocorrem inundações — explica Justin Ginnetti, consultor sênior do IDMC. — Recursos básicos, como água e alimentos, são cada vez mais escassos em diversas regiões do planeta, especialmente no Chifre da África e no Sudeste Asiático.
Cerca de 30% da população mundial vivem em regiões cuja economia é baseada em recursos naturais. Quando os eventos extremos atacam esta fonte de renda, não resta muito senão migrar. E a incógnita é se outros países estão prontos para receber o crescente contingente de refugiados climáticos.
— Os governos ainda precisam se preparar para receber estas pessoas — alerta Ginnetti. — Os principais exemplos hoje são os Estados insulares do Pacífico. Kiribati precisou comprar terras em Fiji, e as Maldivas fizeram o mesmo na Austrália. Mas estes casos lidam com populações pequenas. No futuro, este contingente será maior.
No ano passado, 80,9% dos desalojados pelas catástrofes eram asiáticos, enquanto apenas 0,3% eram europeus — um sinal da desigualdade social e do caminho que os refugiados das tragédias naturais devem seguir. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, os imigrantes podem ser hostilizados em países ricos.
— Já existem migrações climáticas, e elas continuarão por décadas — ressalta Walter Kälin, pesquisador da Iniciativa Nansen, que se dedica ao estudo de vítimas das mudanças no clima. — Precisamos garantir que estas populações sejam recebidas com segurança fora de suas fronteiras. Os governos devem criar um financiamento voltado à mobilidade da população.
O encerramento da COP 20, previsto para esta sexta-feira, foi adiado para amanhã. O dia extra servirá para reduzir a frustração da comunidade internacional. O rascunho inicial da convenção tinha cerca de 10 páginas. Agora, são 50, e apenas um parágrafo foi aprovado com consenso. Nele, os países se comprometiam a intensificar seus esforços para diminuir a liberação de gases-estufa até 2020.
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IMPASSE ENTRE RICOS E POBRES
A rixa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento está cada vez mais clara. Os ricos acreditam que, do jeito como fluem as negociações, vão “pagar a conta” do aquecimento global sozinhos. O tom ficou claro no discurso do secretário de Estado dos EUA, John Kerry.
— Reconhecemos a nossa responsabilidade para liderar a resposta global, mas nenhum país pode resolver este problema sozinho, nem mesmo os EUA. Nem se zerarmos as nossas emissões — afirmou o secretário.
Carlos Klink, secretário de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, acredita que o impasse nas negociações é “normal”, e assinalou que os pontos principais da conferência já estão presentes no rascunho. Para ele, os países desenvolvidos “não podem voltar atrás” ao assumirem suas responsabilidades.
Fonte: O Globo
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